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Cientista dos transplantes de cabeça agora alega que vai reviver cérebros congelados em três anos



Um neurocientista italiano que diz estar planejando fazer o primeiro transplante de cabeça ainda neste ano contou a uma revista alemã que pretende descongelar um cérebro criogenicamente preservado e transplantá-lo em um corpo de um doador dentro de três anos. É uma alegação absurda considerando as limitações atuais da ciência médica, e uma leitura completamente errada de como a incipiente indústria da criogenia humana funciona. É também uma falha de credibilidade significativa para um médico que já está tendo dificuldades em ser levado a sério.

O professor Sergio Canavero, que trabalha no Tuin Advanced Neuromodulaion Group, ganhou as manchetes alguns anos atrás ao sugerir que os transplantes de cabeça (não deveriam ser de corpo?) se tornariam em breve realidade. Nos anos desde então, o neurocientista fez experimentos em camundongos, ratos, cachorros e até em macacos, frequentemente alegando sucesso, mesmo quando outros especialistas chamavam seus resultados de vagos e inconclusivos.

Em entrevista recente à revista alemã Ooom, Canavero disse que planeja fazer o primeiro transplante de cabeça humana em dezembro de 2017 na China, com a ajuda do cirurgião Xiaoping Ren, da Harbin Medical University. No que poderia ser um avanço decisivo na tecnologia médica — ou mais provavelmente um completo desastre —, a cirurgia será feita em um voluntário chinês, e não no candidato russo Valery Spiridonov, como havia sido noticiado anteriormente.


Canavero na última edição da Ooom

Como se a ideia de um transplante de cabeça não fosse radical o suficiente, Canavero disse à Ooom que já está fazendo planos para realizar o primeiro transplante de cérebro do mundo — e que estará pronto para fazê-lo em três anos, no máximo.

“Isso tem muitas vantagens”, ele contou à Ooom. “Praticamente não existem reações imunes ou rejeições. Poderíamos tentar reacordar cérebros congelados criogenicamente.” O único problema que ele prevê é que nenhum aspecto do corpo original de uma pessoa permaneceria o mesmo. “Sua cabeça não está mais lá: seu cérebro é transplantado em um crânio completamente diferente”, disse.

Para ter acesso a cérebros preservados criogenicamente, Canavero disse que vai recrutar a ajuda da Alcor Life Extension Foundation, uma empresa de criogenia localizada em Scottsdale, no Arizona. Além de preservar criogenicamente corpos inteiros em cubas de nitrogênio líquido, a Alcor armazena cabeças, às quais a empresa se refere como “neuros”.

“Os porta-vozes da Alcor tendem a declarar que essa tarefa”. de transplantar cérebros preservados criogenicamente em corpos novos, “é para médicos e cientistas do futuro resolverem”, Canavero falou à Ooom. Mas é legal que alguém saberá o que fazer com esses cérebros congelados em 100 ou 200 anos. Eu tenho boas notícias para eles… Vamos tentar trazer de volta à vida o primeiro dos pacientes da empresa, não em 100 anos. Logo que o primeiro transplante de cabeça acontecer, ou seja, o mais tardar em 2018, conseguiremos tentar reviver a primeira cabeça humana.”

As ambições de Canavero são audíveis, mas essa é a única coisa boa que pode ser dita sobre esse neurocientista charlatão. Seus comentários desafiam o atual estado da medicina e são basicamente uma completa ruptura com a realidade. Desenvolver a ciência e as ferramentas necessárias para executar uma tarefa tão delicada vai exigir décadas de trabalho, e o fato de que um transplante cerebral não tenha sido feito sequer em um teste animal mostra o quão longe estamos de alcançar esse objetivo. Dizer que será feito “dentro de três anos no máximo” é tanto inconsequente quanto deliberadamente enganador. Infelizmente, o Daily Mail já entrou na onda, publicando uma manchete sem respiro, declarando que transplantes cerebrais estão a caminho.

Os comentários de Canavero à Ooom sugerem que ele não sabe virtualmente nada sobre o processo de preservação e como essa indústria de fato funciona. “Primeiro, seu corpo é congelado em -196ºC; então, é submerso em nitrogênio líquido”, disse à Ooom.

Bom, não exatamente. Antes da preservação, o corpo de uma pessoa morta e seu cérebro são encharcados com criopreservantes para prevenir dano celular durante o processo de congelamento. Essas substâncias químicas deixam o corpo e o cérebro de uma pessoa em um estado vitrificado, capturando uma visão instantânea da pessoa no momento da morte.

Como mesmo o crionicista mais inocente sabe, as tecnologias exigidas para restaurar um cérebro desse estado ainda estão a décadas, se não séculos, de se tornarem realidade. Provavelmente, cientistas do futuro precisarão de uma precisão molecular e de máquinas de nanoescala para conseguirem tal feito. Por enquanto, a perspectiva de reanimação ainda é muito coisa de ficção científica.

O mais preocupante de tudo é que Canavero fez seus comentários sobre a Alcor sem consultar a empresa antes. O Gizmodo entrou em contato com a Alcor, e eis o que a companhia nos disse:

A Alcor Life Extention não teve contato algum com o Dr. Canavero. Ainda não é possível reviver cérebros humanos criopreservados com os métodos atuais. O renascimento dos pacientes criônicos de hoje em dia vai exigir reparo futuro feito por tecnologias futuras avançadas, como a nanotecnologia molecular. Tecnologia que seja avançada o bastante para reparar um cérebro criopreservado seria, por natureza, também capaz de fazer crescer novamente novos tecidos, órgãos e um corpo saudável para a pessoa revivida. Portanto, a Alcor não espera que doações de corpos ou transplantes jamais sejam necessárias para o renascimento de pacientes preservados criogenicamente. Até que uma tecnologia de regeneração de tecido avançada seja desenvolvida, desejamos bem ao Dr. Canavero em seu desenvolvimento da cirurgia de transplante de corpo para pacientes vivos que podem se beneficiar dela.

O Gizmodo também entrou em contato com Dennis Kowalski, presidente e CEO do Cryonics Institute, de Michigan, para ver como outro líder do campo via as alegações de Canavero.

“O Cryonics Institute não tem associação alguma com esse médico”, disse Kowalski. “A ligação entre o que ele está fazendo e o que estamos fazendo é inexistente. Pediríamos a ele que, por favor, não associe suas atividades de transplante com a criogenia. O Cryonics Institutes preserva apenas corpos inteiros e rejeita qualquer previsão infundada sobre o que fazemos.”

Talvez a coisa mais preocupante sobre tudo isso seja a maneira indiferente e natural com que Canavero faz essas alegações. Ele é um vendedor do próprio peixe da pior espécie, jorrando absurdos pseudocientíficos e perpetuando falsas esperanças. O que fica claro também é que Canavero sofre com ilusão de grandeza. Como ele disse à Ooom, “se conseguirmos provar que nosso cérebro não cria consciência, religiões serão varridas da face da Terra para sempre. Os humanos não precisarão mais ter medo da morte”.

Certo…

Entramos em contato com o professor Canavero e atualizaremos essa publicação se tivermos uma resposta dele.

[Ooom via The Telegraph]

Imagem do topo: Gizmodo

FONTE: GIZMODO BRASIL

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